segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Conectada a Cultura Japonesa




Esta semana, a Natália decidiu que quer apresentar uma dança japonesa no show de talentos na casa da amiguinha .... e lá fui eu, procurar uma música japonesa, lembrar da coreografia, e ensinar pra ela .... "Haru yo koi ... hayaku koi ..."

E junto com a coreografia que ainda está na minha cabeça, vieram várias lembranças ... de todos os taikais que participei, dos bastidores, das viagens, dos ensaios ... e muito, mas muito da minha mãe.
Minha mãe sempre gostou muito de dançar, e mesmo nos últimos anos afetados pelo Alzheimer, ela ainda dizia que estava ocupada com os ensaios de odori.

Nesta época, eu não pensava muito no que podia acontecer depois que eu me tornasse adulta ... tudo parecia tão intenso, tão duradouro ... achava natural ter taikai todo final de semana, ir de uma cidade pra outra .... coloca kimono .... "ai, tá muito apertado!" ... brigava com a minha mãe porque meu cabelo não tinha ficado como eu queria ... "não faz maquiagem branca ... fico parecendo um fantasma!!!!" .... como eu implicava com tudo!!!!

Aliás, perfeccionismo herdado pela leonina maior da casa ... a minha mãe gostava de tudo perfeito! Nada podia ser mais ou menos ... e esta herança me persegue até hoje, no trabalho, no casamento, com meus filhos ... tento pegar mais leve com as crianças, mas quando vejo, estou corrigindo a lição errada, apagando para fazer de novo, "desta vez caprichado!".

A minha mãe gostava tando de odori, que se dispôs a ir até Santa Rita do Sapucaí, me vestir para eu dançar no festival da academia de dança da cidade ... acho que foi a última vez que eu vesti kimono. Depois disso, me afastei de qualquer atividade da cultura japonesa ... a correria da minha vida adulta não deixou muito espaço para isso ... e aqui em Campinas, nunca me interessei em frequentar os clubes da colônia.

Mas agora, vendo a Natália se interessar, e me pedindo para ensinar a dançar uma dança japonesa, um orgulho enorme invade meu coração e parece que entendo um pouco todo o orgulho que a minha mãe sempre demonstrou por mim. Como ela inflava o peito cada vez que alguém me elogiava ... dizia sem nenhuma modéstia que eu gostava tando de dançar que estava ficando cada vez melhor.
Nos passos da dança da Natália, sinto a minha mãe mais perto, e grita dentro de mim uma necessidade de resgatar esta conexão com a cultura japonesa ... como se não pudesse deixar morrer estra tradição ...

E nas músicas japonesas que estão no meu iPod ... e nas novelas japonesas que eu acompanho ... sinto um pedacinho da minha mãe me guiando, me lembrando o valor e a importância de manter um pouquinho da tradição japonesa nesta correria do meu mundo de adulta.

2 comentários:

  1. Lindo, Rose! É a sua versão japonesa da matrioska continuando e perpetuando a história. Tem coisas no nosso DNA que não se apagam, só adormecem. Bacana você retomar isso na sua família... Beijo em todos!
    Sil

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  2. L-I-N-D-O é pouco, viu ? Dá um beijão para a Nati por trazer de volta essas memórias tão lindas e outro para você por dividí-las. Eu também me vejo resgatando valores da minha infância, até quando descasco uma fruta para a Gabriela ou cantamos juntas uma música de roda. Sempre pergunto às amigas se depois dos filhos as memórias de criança voltaram..... e agora você me respondeu maravilhosamente.

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